PT retira apoio a Nailton Heringer
Partido deixa base do governo
Ivanilda Vergílio é a presidente do PT de Manhuaçu |
MANHUAÇU (MG) - O Diretório do Partidos dos Trabalhadores comunicou a sociedade de Manhuaçu seu rompimento com o Governo Municipal, passando então de base à oposição. A presidente do PT, a advogada Ivanilda Vergílio, de 36 anos, concedeu uma entrevista exclusiva sobre o processo de discussão no partido e as razões que os levaram a deixar o Governo. Em menos de dois anos de mandato, a coligação “Renovação e Progresso” veio se esfacelando aos poucos, com o anúncio do PT, só resta PDT, partido do atual Prefeito Nailton Heringer, na base.
Filiada há quase 20 anos ao PT, Ivanilda foi eleita em 2013 presidente do partido. Antes, ela participava da reunião nos diretórios em funções de afiliada e militante. A advogada agora chama toda a sociedade e as as forças políticas do Município a debater um projeto político verdadeiramente democrático e viável para Manhuaçu.
Qual o motivo do rompimento?
Para falar do posicionamento que o diretório do PT tomou agora no início do dia 23 é necessário mencionar também a conjuntura. Nós participamos efetivamente da composição, da aliança, o processo eleitoral de 2012. Em 2013, quando o atual Prefeito assumiu, não houve uma conversa enquanto partido para a composição de Secretária e para a discussão das políticas públicas que o partido entende que são prioritárias para o Município. Nós até entendemos em 2013, e a gente ainda acredita nisso, que política é a arte do diálogo.
Compreendendo também a conjuntura com a que ele assumiu o Município. Mesmo não ocorrendo essa conversa formal com o partido para discutir essa composição e essas políticas para serem implementadas, o PT continuou participando do Governo e pautando ele nessa direção, da importância de se haver essa participação efetiva e se discutir essas políticas. E assim, ocorreu nos últimos quase dois anos. Eu assumi a presidência do PT agora no final de dezembro de 2013 e aí foi criado uma Comissão para a gente tentar intensificar esse diálogo. Para o PT não é só a questão de composição de Secretarias ou indicação de quados nossos para a composição de Secretarias ou ocupação de cargos.
O PT entende que mais importante que isso são as políticas públicas que a gente entende como prioritárias e que precisam ser implementadas. Criou-se a Comissão, tivemos essa conversa e não tivemos retorno. A gente entende também que o Chefe do Executivo pode plenamente receber uma pauta e falar eu não tenho condição de atendê-la agora, que ela pode ser realocada para outra ocasião, devido as circunstâncias. O problema todo é a ausência de diálogo.
Você pode citar algumas?
Posso. A política na área de habitação, na área de mobilidade urbana. Manhuaçu, por exemplo, ainda não está inserida no Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. O programa Minha Casa, Minha Vida ainda não aconteceu aqui. A gente entende que são políticas que não podem aguardar. Na parte de regularização fundiária não foi tomado nenhum tipo de política ainda para viabilizar isso. O que é pior, quando você olha o corpo administrativo do Município, você pergunta assim, Habitação está em que área? Qual é a pasta que responde por ela. Se você não tem dentro da gestão alguém que responda por isso, a política não será implementada, isso é óbvio. Manhuaçu não pode esperar, a gente entende que nós já estamos décadas de atraso,m então é algo que não pode esperar.
PT recomendou que filiados entreguem cargos |
Tem quanto tempo que vocês iniciaram essa conversa com o Executivo? E o Prefeito chegou a responder alguma solicitação?
Não, nós fizemos reuniões com ele este ano, duas, e ele não retornou. Nós entregamos um documento com uma avaliação e reivindicando a implementação dessas políticas e até então ele não retornou. O partido não pode ficar nessa espera eterna e vendo que os princípios que a gente acredita e que norteiam sobretudo a composição com ele não serem implementados, até mesmo porque a gente entende que precisa ser discutido um projeto político para Manhuaçu. Se elegemos esse projeto o qual ele encabeçou e, se esse projeto, não se solidificou é preciso abrir os canais de diálogo com as forças políticas, com os outros partidos e com a sociedade para discutir um projeto político viável.
O PT sai da base, como será a oposição ao Governo?
A oposição do PT é uma oposição crítica e consciente. O que for discutido a título de trazer benefício para Manhuaçu e concretizar as mudanças para a qual a nossa chapa foi eleita, já que o PT é vice, o partido irá contribuir. Agora, o que tiver fora do que nós cremos, infelizmente, a gente tem que criar esses canais para discutir e mobilizar a sociedade para pautar e mostrar que não atende a sociedade. A nossa saída da base não significa que nós não vamos pautar e lutar para que os projetos, sobretudo aqueles do Governo Feral sejam implementados. Um exemplo, o Minha Casa, Minha Vida é um projeto do Governo Federal que precisa ser implementado em Manhuaçu.
A gente tem aqui a Associação Habitacional, a qual a gente está inserido, que tem afiliados nossos e militantes dentro. Se precisar de articulação política do PT, dos nossos quadros e dos nossos deputados para implementar o projeto aqui nós vamos fazer porque isso atende a sociedade, nós não vamos fazer porque somos base do Governo ou ao contrário, não deixaríamos de fazer qualquer tipo de articulação que dificultasse ou que impedisse essa implementação só pelo fato de hoje sermos oposição. Se for discutidas e implementadas políticas que beneficiem a sociedade, o PT não vai se posicionar contra pelo simples fato de que hoje nós somos da oposição. Não é oposição por oposição, é oposição em cima do projeto político.
E quanto ao pessoal que é filiado ao PT e possui cargos no Governo, sobretudo os dois nomes principais que é vice-prefeito, Dr. Gulivert, e o secretario de obras, o João Amâncio. Vai mudar algo?
A primeira coisa que temos que lembrar é que o vice-prefeito foi eleito dentro de uma chapa, logo isso não tem discussão, ele continua e incumbido das funções para a qual ele já foi eleito. Com relação a secretários e outros cargos de segundo e terceiro escalão, totalizando cerca de cinco pessoas. A decisão do partido é que alguns que não estavam presentes na reunião nós vamos fazer a notificação aos filiados informando, de acordo com o nosso Estatuto, que o partido não é mais base, não faz parte. A gente não pode também, proibir a pessoa, na sua individualidade, de continuar. Mas o nosso estatuto fala que deve ter o afastamento. A orientação do diretório é que os cargos sejam entregues, caso não seja será afastado do partido.
Tem alguma notícia sobre o posicionamento do Dr. Gulivert e do João Amâncio quanto a decisão do diretório?
Ambos estiveram presente nas discussões do PT desde o início do ano. O João, por exemplo, é uma pessoa muito coletiva e já sinalizou que vai acatar a decisão do diretório.
Houve boatos de que o PT voltaria atrás na decisão. Gostaria de ouvir da presidente do partido, se há alguma indicação nesse sentido?
Não, pois não foi uma decisão que tomamos em uma reunião, estávamos avaliando isso há um bom tempo. Eu não vejo a menor possibilidade e foi uma decisão quase que unanime do diretório.
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