quarta-feira, 21 de março de 2012

Educação

Uma História uma Vida: Professora "Sai da escola, para entrar na história"


“Após anos de dedicação Maria da Conceição se aposenta, depois de muito esforço próprio”


Conceição agradeceu aos alunos durante a homenagem,
ela se emocionou durante o evento
                  Depois de quase quatro décadas dedicadas à educação no município de Vermelho Novo Maria da Conceição Pinto Lucas, a conhecida “Conceição do Nereu”, se aposentou. Aos 55 anos de idade, a professora, já aposentada em História, conhecida pelos ditados e jargões, que entraram para história de centenas de alunos ao longo desses últimos 37 anos, enfim conquistou o tão merecido reconhecimento junto ao Estado: a aposentadoria.

Alunos registraram o momento junto à professora
          Quem dos muitos alunos que estudaram na escola estadual “Farmacêutico Soares”, nas últimas quatro décadas, não se lembra dos ditados e jargões utilizados pela professora que ajudou a construir a história da educação em nosso município? “Vou rodar a baiana”; “Se eu espalhar ninguém mim junta”; “Carro apertado é que canta”; “Quando eu estiver nas minhas quintas-feiras”; “Enquanto tiver cavalo São Jorge não anda a pé”; “Quem ti viu quem ti vê”; “Calorzinho na cara” e muitos outros, ditados populares que se transformou em jargões que no inicio assustava, mas que com o passar do tempo se tornou a marca das aulas de Geografia e História e se tornou referência para a professora. “Na verdade esses jargões são ditados conhecidos popularmente e que surgiam espontaneamente em minhas aulas”, disse Conceição, e brincando ela disse: “Na verdade nunca foi preciso rodar a baiana! Nossos alunos são bons”.
        O anúncio da aposentadoria foi recebido em meados do mês de março pela professora. Durante toda a semana foram realizadas homenagens organizadas pelos alunos, e até mesmo quem nunca foi aluno dela, se empenharam na realização dos festejos. Funcionários da escola também participaram das homenagens. “Essas muitas homenagens que eu recebi por parte dos alunos e todos da Escola, sintetizou em mim um sentimento: eu realmente tinha vocação para ser professora”, enfatizou.



A LONGA CAMINHADA


As comemorações se estenderam durante toda a semana
         Maria da Conceição nasceu na comunidade da Trindade, filha de família tradicional, teve como pais: Nereu Pinto de Assis e Terezinha de Jesus Assis. Aos 18 anos de idade, concluiu o segundo grau - antigo magistério - no ano de 1974. Já no início do ano seguinte, 1975, começou a trabalhar em uma escola na comunidade do Bom Jardim, uma das primeiras escolas da região de Vermelho Novo, hoje já extinta, lecionou para as turmas 1ª, 2ª e 3ª série.
        A lembrança dos seus primeiros 56 alunos ainda permanece na memória. “Foi um período muito complicado para mim, pois estava iniciando a minha vida profissional, eu sozinha para dar conta de mais de 50 alunos. Foi naquela escola que aprendi a ser professora”, lembrou Conceição. Ela relembrou ainda o que foi feito com os primeiros salários. “Como eu ia de pé até a escola, decidi comprar uma bicicleta e um jogo de sofá, isso eu jamais esquecerei”, contou a professora, brincando ainda durante a entrevista ela disse: “Até hoje eu não sei andar de bicicleta”. No ano de 1976, com o surgimento de novas turmas na cidade na rede estadual ela começou a trabalhar no estado. “Foi no dia 19 de agosto de 1976 surgiram novas turmas na escola estadual foi neste período que ingressei na rede estadual”. Período de muitas dificuldades, pois vinha da roça até o então distrito a pé, lecionou em dois turnos matutino e vespertino, as horas do dia na maioria das vezes eram insuficientes para realizar todas as tarefas.
      Anos depois Maria da Conceição formou-se em História e Geografia, na época as duas matérias eram integradas. Lecionou por um curto tempo no ensino médio. Período de 1984, ano em que foi implantado o ensino médio no município, mas dedicou-se longos anos ao ensino fundamental. Conceição assumiu a direção por duas vezes do período de 1994 a 1996, neste período trouxe várias conquista para a educação, recursos como uma verba para construção de duas salas de aulas. Ela assumiu, também, a vice-direção por dois mandatos. “Sempre tive medo de errar, talvez por isso renunciasse muitas coisas inclusive a minha família”, disse, reiterando “Por outro lado conquistei muitas coisas com o meu trabalho, devo isso à escola”.
      Durante a entrevista concedida ao jornal “União dos Vales”, por diversas vezes usou o verbo no presente, para falar sobre escola, o que mostra o amor pela profissão. “A partir de agora vou ter que aprender a usar o verbo no passado, para falar de escola”, brincou. Finalizando a entrevista, o jornalista Francisco Pinto, a pediu para que resumisse a educação nos dias de hoje aqui em Vermelho Novo, Conceição foi enfática: “Os nossos alunos estão carentes. Eles devem ser valorizados pelos professores e por toda a escola”, acrescentou, “eu sempre cuidei da auto-estima dos meus alunos e a prova disso são as muitas homenagens que recebi na minha despedida”, finalizou.





                                                       NOTA A IMPRENSA



                                     Primeiramente agradeço a Deus por estar aposentando e por ter me concedido o dom, não só de informar aos alunos, mas principalmente os formá-los, através do incentivo, objetivando torná-los cidadãos de bem junto à sociedade.
    Sempre procurei respeita-los, pois só pode exigir respeito quem o tem, afinal todos nós somos seres humanos. Agradeço, também aos meus pais pelo esforço e a luta sublime para mim conceber o estudo. Se não fosse assim hoje eu não teria chegado aqui e comemorar esta minha aposentadoria e muitas outras conquistas em minha vida.
    Meu objetivo sempre foi exercer a minha função com ética e profissionalismo e sempre tive como meta terminar como comecei, sempre colocando Deus à frente do meu trabalho, e foi a ele que sempre recorri e nada de errado me afetou. Deixo hoje a escola com a consciência do dever cumprido, “Você não precisa falar o que se fazem, as pessoas vêem”.

   Por fim, agradeço a minha família: mãe, esposo e minha filha.E aos alunos, pais e colegas de trabalho, o meu muito obrigada!

Vermelho Novo - MG, 20 de março de 2012.


Professora Maria da Conceição Pinto Lucas

2 comentários:

  1. Parabéns Conceição pelo tempo de trabalho e pelo bem que você fez a tantos alunos. Uma frase que marcou: "Carro apertado é que cata." rsrsrrs Que Deus continue abençoando sua vida...

    Elias Fernandes Pinto
    Seminarista da Diocese de Caratinga

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  2. Conceição, obrigado pela dedicação e inovação sempre presente em suas aulas.
    É certo que você foi e sempre será referência de educadora.
    Parabéns!!!

    Paulo Roberto de Assis Júnior
    Eng. Mecânico

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